FLOR DE LÓTUS
BIA BRAZ
Entre um romance polêmico
e repleto de sensualidade, um conto policial áspero e complexo, e o drama de
duas famílias tingido de mistério e sofrimento; Bia Braz, a autora, em 31
capítulos de tempo cronológico bem demarcado, procura nos lembrar
constantemente:
“Pra não dizer que não falei das flores...”
E o melhor é que ela
consegue. Não só no título de sua obra, mas as flores são a deliciosa cereja
deste bolo.
Assim como outros
sucessos literários recentes, a obra foi uma fanfiction da Saga Crepúsculo. Contudo, se os protagonistas
moralmente perfeitos desta série do gênero da fantasia, nos conquistam em
primeira análise; por outro lado, identificar-se com os personagens cheios de qualidades,
defeitos e mazelas criados por Bia Braz, é quase tão fácil quanto respirar.
Rebecca Stevens (Beckye)
é a síntese da leveza, desprendimento e generosidade que cada ser humano
deveria cultivar dentro de si; no entanto, longe de ser perfeita, mente para alimentar
o interesse, a atração física de Christopher Adams (Chris) em sua direção. Ela
dá nome, cores e doçura à história. Caridosa, responsável, maternal e
extremamente madura em sua adolescência. Professa uma fé religiosa, da qual
retira forças para superar seu passado de triste rejeição materna; porém, longe
de ser puritana entrega-se de corpo e alma à paixão nos braços de Chris, em
cenas eróticas descritas por Braz de forma gráfica, mas sem um traço de
vulgaridade.
Chris é o extremo
oposto em forma de rancor, tristeza e tenacidade. E apesar disso, é possível ao
leitor enxergar nos traumas, medos e aridez de Chris, seus próprios demônios
interiores. Atormentado pelo passado; canaliza todas as frustrações e amarguras
para o êxito profissional.
Convergentes na beleza
física, dicotômicos na essência; seu romance é o elemento que alicia e
acorrenta o leitor.
Vingativo, Chris
alimenta um equívoco e permite a aproximação da protegida de seu maior desafeto
e alvo de suas investigações no DEA de Los Angeles: Aleksey Mattel. Porém, se
Beckey a princípio é tão somente uma ponte para investigar Aleksey (Alek), logo
ela se transforma numa amiga e objeto de desejo.
E muito mais do que a
forma inocente e pura com a qual ela se entrega a ele, é intrigante a dura
jornada emocional de Christopher ao longo da história. No tocante à Rebecca,
ele parte da indiferença, passando pelo enternecimento, amor, paixão, obsessão,
e finalmente, encontra-se na renúncia e no altruísmo. Recomeça. Amadurece.
Tinge-se de cores e flores, graças a Beckye.
Paralelo a este elemento
romântico, é surpreendente a forma como a trama policial é real e próxima dos
filmes norte-americanos deste gênero. Há assédio sexual e moral, chantagem,
corrupção de policiais, violência e o incansável e, no entanto, sempre
contemporâneo debate sobre as drogas. O que dá credibilidade a história. Logo
se vê que não se trata de um policial-água-com-açúcar,
mas ao contrário, funciona como um fio condutor duro e grave, que equilibra o
elemento dramático entre as famílias de Chris e Alek.
Os mistérios do passado
vêm à tona, quando os laços futuros entre eles se solidificam, e o final traz
alívio ao sofrimento não só dos personagens, mas também ao de quem lê! Nenhuma
ponta fica solta, nenhuma cena fica sem explicação, causa ou consequência; e
durante toda a trama, cada diálogo é construído de forma hábil pela autora, com
um toque de humor nos momentos oportunos. Bia Braz oferece um vocabulário rico
e escrita envolvente, e após horas de leitura inteligente e prazerosa, nos
conduz a um final em que as flores estão presentes e nos põe um sorriso no
rosto.
Flor de Lótus
está recomendadíssimo e carimbado com cinco estrelas douradas!
Por: AnnaJoyCMS
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